24 de fevereiro de 2011

Bicarbonato de sódio confina tumores e sugerem pesquisas


A importância do uso do 
bicarbonato de sódio para frear o surgimento 
de metástases tumorais ganha força com 
resultados recentes de experimentos 
feitos em camundongos. 
A substância eleva o pH do ambiente tumoral, 
o que dificulta a proliferação das células.

"Os testes em animais mostram 
que o bicarbonato deixa o tumor confinado", 
afirma Andres Yunes, pesquisador do 
Centro Infantil Boldrini, 
em Campinas, interior paulista.

Os animais tomaram bicarbonato via oral. 
A acidez dentro de um ambiente tumoral 
(pH mais baixo) torna a doença mais agressiva, 
como várias pesquisas já demonstraram.

Com os dois estudos publicados no periódico
 "Cancer Research", que reuniu grupos americanos 
(Arizona e Flórida) e um brasileiro (Boldrini), 
a hipótese que associa acidez 
a metástases fica mais robusta.

A tendência é que ela seja examinada em testes em humanos, que devem ser feitos nos EUA, no curto prazo.

De acordo com Yunes, que participou 
dos estudos ao ajudar a desenvolver um 
simulador computacional de tumor, 
existem argumentos para que testes 
clínicos com o bicarbonato em humanos
 possam ser feitos também no Brasil.

O modelo de computador, desenvolvido pelo 
engenheiro Ariosto Silva, hoje na 
Universidade da Flórida, corrobora
 a importância da acidez.

A ferramenta simulou o crescimento de um tumor de mama em três dimensões a partir de cenários reais. A substância ideal para neutralizar o tumor teria de ter um pH por volta de 7. O bicarbonato tem um pH de 6,1. Não é o ideal, mas serve.

Porém, os caminhos para frear tumores 
agressivos, diz Yunes, são vários. 
Uma saída é interferir diretamente 
na resistência do tumor à acidez.

"Tudo indica que essa maior resistência 
é por causa de uma proteína específica", diz Yunes.
 Portanto, pode-se pensar em uma droga 
que aja diretamente sobre ela. 
O resultado esperado é que o ambiente ácido, 
antes benéfico, acabe agora 
se voltando contra as células tumorais.
EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u581633.shtml